RELIGIOSO OU VIRTUOSO?
- Adriana Januário
- 27 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Há uma dificuldade para discernir entre pessoas religiosas das virtuosas. Nem sempre uma pessoa religiosa é virtuosa, da mesma forma que uma pessoa virtuosa, pode não ser religiosa.
A religiosidade sempre está associada a estereótipos. A palavra estereótipo originou-se do grego e significa impressão sólida, este termo surgiu no mundo da impressão gráfica, que utilizava placas de metais para fazer a publicação em grande escala de livros e jornais, ou seja, por este método conseguia-se reproduzir um padrão. Estereótipo é a adoção de um padrão como modelo do senso comum, é uma replicação automática, neste processo a característica da originalidade é reprimida. Por isto, independentemente do tipo de religião, as pessoas religiosas de alguma maneira são estereotipadas em suas vestimentas, na sua fala, nas repetições de rezas, rituais que foram moldadas dentro de um padrão, que inclusive pode até passar a ser uma representação social. Normalmente, a religiosidade coloca ênfase na aparência, naquilo que é exterior, naquilo que os olhos veem, como se isto fosse o essencial. Sem originalidade, a religiosidade reproduz de forma automática e repetitiva padrões e rituais.
As virtudes, por outro lado, não nascem do padrão repetitivo do senso comum, as virtudes são geradas no interior humano, um lugar que a grande maioria dos olhos não conseguem alcançar, quando estão obscurecidos pela religiosidade. As virtudes são verdadeiros diamantes que são formados internamente, são riquezas esculpidas no interior humano pelas mãos de Deus. A virtude é uma disposição constante do espírito em escolher fazer o bem e desviar-se do mal. A virtude, contrariamente a religiosidade, não está focada na repetição de padrões ou na demonstração de uma aparência, a virtude coloca ênfase na essência, e por isto, expressa originalidade.
Certa vez, Jesus contou que um homem estava indo de Jerusalém a Jericó, e no caminho os ladrões o assaltaram, tiraram suas roupas e o bateram, deixando-o quase morto. Um sacerdote passando pelo mesmo caminho, viu o homem ferido e passou do outro lado da estrada. Um levita também passou por ali, olhou e passou do outro lado da estrada. No entanto, um samaritano passando por este caminho, ao ver o homem caído, compadeceu-se dele, chegou perto dele, limpou seus ferimentos com azeite e vinho, e os enfaixou. Colocou-o em seu animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, entregou moedas de prata para o dono da pensão e disse: Tome conta dele, quando passar de volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.

Dois homens religiosos, o sacerdote e o levita, ao passarem diante de um homem ferido, não foram virtuosos para socorrê-lo, possivelmente o traçado de sua trajetória, no sentido Jerusalém para Jericó, talvez possa sugerir que estes religiosos haviam ido ao Templo em Jerusalém, talvez estivessem voltando de suas práticas religiosas, mas eles não se sensibilizaram ao ver um homem ferido e caído em seu caminho, e não se atentaram para o mandamento de amar ao próximo, como a ti mesmo. E apesar de serem religiosos, também não observaram o ensinamento deixado pelo profeta Samuel: “é melhor obedecer do que sacrificar”.
Mas o homem samaritano, isto é, que pertencia a uma região próxima a Jerusalém chamada de Samaria, cujos moradores eram considerados pelos religiosos judeus como estrangeiros, e preconceituosamente chamados de impuros, parou no caminho para ver o homem ferido, limpou as feridas, o resgatou e hospedou, cuidou e deixou providências financeiras para garantir a manutenção dele, e se comprometeu em voltar e pagar a diferença do valor, caso o dinheiro deixado fosse insuficiente.
Um homem samaritano, apesar de não ter o estereótipo de religioso, tinha dentro do seu espírito a virtude da misericórdia.
Através da parábola do bom samaritano, Jesus ensinou a um religioso judeu de sua época, que o mandamento das sagradas escrituras de amar ao próximo, é amar alguém independentemente de sua nacionalidade, e esclareceu, que nem sempre as pessoas religiosas, são pessoas virtuosas.
A parábola do bom samaritano, me desafia e me constrange a desenvolver dentro do meu espírito mais virtudes, pois o mundo mais do que nunca, necessita de pessoas virtuosas.
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